terça-feira, 29 de março de 2016

Pá,ré, sê. Pá, reze! Parece...


  Oi, boa noite. A moita nasce. Moira retumbante. Brada, brada, brada. Gira a ponta, a saia, a roda, a vida. Via que escarnece o sorvete. Via que o sangue corre. Via! Liberta a santidade contida. Não contida. Tudo embaralhado. São oito estações. Oito paradas. Certas. Quase... Paro, para, paro, para. Para nada. Comida. Gemido. Dormida. Abrigo. Afunda. Hora passa. Oito horas. Oito paradas. Engole. Café preto, ruim, quente. Tão ruim e doído. Corre. Canela treme, mão treme. São oito paradas. Bate cartão, reza. Chama Ogum. Chama Força! Chama o fim de semana. Vê um filme. Pensa ele, diluí ele. Masturba ele. Sonha ele. Rever. Odeia uns. Violenta mentalmente outros. Trepa, trepa, trepa. Lá parado. Buscando equilíbrio. Trema. Remela. Trepa. Kit Kat dois reais. Trepa. Não goza. Oitava parada. Escreve cento e quarenta caracteres. Precisa de menos, de nada. Um bigode. Oito livros por ano. Uma música qualquer vadiando na relva da mente. Não existem porões. Aclama, acalma, aguenta. Bate o ponto. Tira do saco. Requenta. Saboreia. Morre a cada dentada. Saboreia. Se benze. Agradece a deus. A Deus. Lava, leve. Lava. Vidro requentado, feijão cheiroso. Feijão esquecido. Fuma. Varejo. Fuma. Recortes de jornais. Barulho. Gente. Gente invisível. Tô vendo. O que se passa? Céu. Azul é desespero. Cinza é a normalidade da ausência de um céu vermelho. Seu fulano. Seu quem? Volta. Bate. O ponto, a bunda na cadeira. Mói a vista. Fode gostoso com ela. Fode, fode, fode. Com tato. Papel. Genocídio do verde é branco. Certezas inventadas. Os personagens interagem. Ele é tão blasé. Despenca. Horas, malditas horas. Absorto. Tudo sai direitinho. Tudo saí perfeitinho. Tudo saí e fica tudo muito vazio. Bate o ponto. Oito estações. Apenas mais oito estações.


  Escrevo cartas de amor enquanto ando pelas ruas. Madureira é tão triste. Imagino suas putas. Abandonadas, desoladas num mundo que julgam cruel. Mal sabem que aceitam pouco. Aceitar Madureira é como ser escravo. Ir por conta própria é ser suicida. Tem uma dinâmica perversa. É um bairro que deixou de ser mágico, esqueceu do seu subúrbio interior, virou uma ilha de concreto. Madureira transpira ruína e escombros recentes. Ruínas e escombros antigos são bonitos, mas os recentes são trágicos. E essa decadência que nunca chega, cria uma ansiedade perdida, uma esperança estigmatizada, um limbo que nem chega a ser fantasioso, é a forma do Nada.







                                                                     Transito amor assobiando cactos
                                                                      Prossigo amor, assoviando passos
                                                                     Insisto amor, que essa dureza é folclórica
                                                                     Que a mente dissipa tragédias
                                                                      Seleciona memórias...
                                                                      Escurece os rótulos, as rótulas.
                                                                      Cantarolo cartas de amor enquanto ando
                                                                      Preso na morte imprópria, é feito com lateral...
                                                                      Vida!