segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

zurro




  Poderia enumerar nossos erros. Começo a escrever como quem parte de um ponto conhecido por todos. Tanto afoga. Mágoa mal resolvida e inspiração plástica. A fumaça do carvão, a bruma do amanhecer, o nevoeiro da tempestade, a chaminé da fábrica. Tanto pó de ferro mata. O peixe foge, afunda, transcende. A escola esmorece, a sala fica vazia, as crianças moribundas. A sombra da árvore emagrece, o câncer precipita, ambição é reprodução incessante. Fulgura nos ideais a fome. Janta! Adormece o tato, esguio, tato senil, aflito, tato dúctil, gostosamente falho. Erroneamente arrogante, serenamente bobo, magicamente inútil. Mente, mente, mente, mente. Basta, besta, bosta. Cana, canela, casa. Doa, dizem, drama. Fuga, fogo, fode. Garoa, grita, gosma. Hoje, haja, hora. Junta, jóia, janela. Lembra, lambe, louca. Mata, mete, morre. Nada, nunca, noite. Pesa, ponta, parti. Queima, queixa, quinto. Roa, rasga, ri. Silencia, santa, sirva. Tudo, toma, teu. Vai, ventania, verme. Xeque, xaxim, Xangô. Zíper, zinco, zodíaco. Um zurro. Um zurro. Um zurro...

Nenhum comentário:

Postar um comentário